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Falta controle? Calma, não é tarde para trabalhar a inteligência emocional

Ser capaz de controlar suas emoções, entender os outros, agir da melhor maneira para conquistar seus objetivos diante do contexto e manter boas relações. Quem não quer isso?

É essa a tal da inteligência emocional, termo cunhado pelos psicólogos John Meyer e Peter Salovery que faz parte de currículos de cursos de medicina a programas de líderes mundo afora. O objetivo é desenvolver a capacidade de lidar com as suas emoções e com a emoção dos outros, exercitar a empatia e, a partir deste conhecimento, tomar as melhores decisões para a vida. 

A inteligência emocional reúne um conjunto de habilidades que permite perceber as emoções suas e dos outros, processá-las no sistema cognitivo, raciocinar a partir delas e regular suas ações e emoções, como explica Maurício Bueno, psicólogo e pesquisador da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).

Em uma sociedade que desenvolve a vida em torno do indivíduo, a cada dia mais gente preocupa-se com o desenvolvimento da capacidade de se relacionar bem em grupo. O chefe que usa insultos para falar de um funcionário, a médica que anuncia uma doença terminal sem demonstrar empatia com a família ou o homem que vive às turras com sua mulher sem perceber seu cansaço são alguns exemplos cotidianos da dificuldade das pessoas em lidar com as emoções.

 "O ser humano é social, para sobreviver precisamos do outro. Então precisamos aprender a lidar com o outro da melhor maneira possível". (Claudia Feitosa-Santana, pesquisadora de neurociência e professora convidada da Casa do Saber)

De acordo com os pesquisadores, a inteligência emocional é algo que aprendemos desde criança e podemos trabalhar ao longo de toda nossa história. Ou seja, não existe essa coisa de "eu sou assim". Mudar não é algo que acontece de um dia para o outro, concordam, mas vale a pena. "Quem tem mais inteligência emocional tem mais qualidade de vida, consegue se relacionar melhor com os outros, é mais sensível com as outras pessoas e consigo mesmas", conclui Bueno.

Reconheça as suas emoções

Não adianta ter um ataque de raiva e fingir que não aconteceu, ou sentir aquele aperto de tristeza no peito e fugir do assunto. Para poder trabalhar com as emoções, é preciso conhecê-las e entendê-las. E esse é um trabalho de autoconhecimento: quais as emoções aparecem em você em um momento de estresse? Qual o efeito dessas emoções em seu comportamento? É preciso fazer uma reflexão sobre elas para poder então trabalhá-las. Isso pode significar pesquisar em si mesmo qual a origem daquele seu desgosto por um colega do escritório ou tentar entender quais as emoções que agem quando você tem aquele bloqueio e não consegue cumprir um objetivo. "Só quando a gente admite que existe um conflito é que conseguimos avançar na forma de compreender e enfrentar o problema", analisa Bueno. "A forma de lidar com isso é primariamente em si mesmo."

Mude o contexto

Mudar o contexto de uma relação pode ajudar a criar uma nova visão da situação e alterar emoções negativas preexistentes. Sabe aquele colega do trabalho que deixa você irritado cada vez que você precisar lidar com ele, porque ele sempre está ao celular e nunca dá a atenção necessária? Uma ideia é mudar a situação e tentar procurá-lo em outro lugar, na sala do café ou na hora do almoço, em um momento que o celular --o que você identificou como problema central da sua relação -- não estará a seu alcance. Quando essa mudança tem um contexto emocional positivo bem acalentado é como se ele fosse um facilitador para que você melhore a relação. Não adianta mudar de lugar, é preciso ficar de olho na sua atitude. "Precisa respirar antes de falar, antes de lançar um olhar ou antes de dar uma resposta passivo-agressiva. Todas essas ações são amostras de um desequilíbrio, que você não está agindo para a construção de um relacionamento saudável", destaca Feitosa-Santana.

Escute o outro, realmente

Além de perceber suas próprias emoções, para nossas relações sociais é fundamental ser capaz de entender as emoções dos outros. Prestar atenção no outro, em suas expressões faciais e posturais, é passo importante na captação de suas emoções. No entanto, nada melhor do que uma boa conversa atenta. "É preciso escutar a pessoa, deixá-la falar e prestar atenção. Depois, é importante checar com a pessoa se você realmente entendeu. Cada um de nós tem nosso próprio universo, não podemos interpretar o outro através do nosso universo pessoal. Quando fazemos isso, a chance de estamos errados na interpretação é imensa", comenta Feitosa-Santana. Uma falha de comunicação em um olhar ou em uma frase mal interpretada pode acabar com uma relação por nada. Antes de passar os próximos anos com raiva daquela pessoa, por que não ir conversar com ela sobre o que aconteceu ou sobre o que ela quis dizer com aquilo? "Nosso cérebro está sempre fazendo construções do mundo e interpretando as informações captadas pelos sentidos", explica Feitosa-Santana, "e o que conta é como fazemos esta interpretação".

Coloque-se no lugar do outro

A empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro e compreender os sentimentos que são experimentados pelo outro em tal situação. É a habilidade de sentir a dor do outro, mas também de compartilhar sua alegria. Para isso, é necessária uma grande interação de redes neurais para perceber a emoção dos outros, entender a perspectiva dele e distinguir entre as nossas emoções e as do outro, explica a neurocientista Helen Riess em um artigo em que defende o ensino de empatia em cursos de formação de profissionais da saúde. Talvez a frase que soou mal aos seus ouvidos foi dita em um momento de estresse do outro. Ou então o que você acha que não foi uma ofensa e é apenas mimimi pode ter trazido emoções ruins para seu colega. Bueno exemplifica que, em programas para trabalhar inteligência emocional em escolas, uma das atividades propostas é propor a alunos envolvidos em bullying de pensarem nas emoções de quem comete está sentido e quem sofre está sentindo. "É um exercício de trabalho sobre percepção de emoções. Estou dando a oportunidade de vivenciarem isto, passarem por um momento de questionamento mais profundo. E depois, há de se trabalhar sobre o que poderia ser feito naquela situação que seria melhor para todos", detalha o professor da UFPE.

Arte para trabalhar a empatia ao diferente

Se entender o contexto de alguém em situações muito diferente das que vivenciamos em nossas vidas é algo complicado, a literatura pode ser um atalho. Romances podem fazer o leitor não apenas conhecer novas realidades, mas também se colocar na situação de outros, vivenciar suas emoções e alterar suas conexões cerebrais. Este foi o achado de um estudo de pesquisadores da Emory University, nos EUA, publicado na revista Brain Connectivity. Ao colocar o leitor na vida de outra pessoa, mesmo que pela ficção, a literatura pode ajudá-lo a entender o contexto de um refugiado, de um índio ou de uma mãe sertaneja sem precisar viajar quilômetros e quilômetros para isso.

Paciência, o cérebro não sofre revoluções

Mudar hábitos não é algo rápido. É preciso de tempo para a reflexão e de exercício para os novos hábitos. A repetição de novos comportamentos mudará a forma como seu cérebro lida com a situação. "Um processo de amadurecimento da inteligência emocional é um desenvolvimento contínuo, um projeto de vida de se tornar uma pessoa melhor ao longo da vida. Investir nisso é entender que as emoções fazem parte das informações que captamos para nosso sistema cognitivo e mudam toda a nossa percepção do mundo", considera Bueno.

Texto: Cristiane Capuchinho - Colaboração para o VivaBem l  uol

Confira o texto no link: Falta de Controle? Calma, não é tarde para trabalhar a inteligência emocional

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